"Escombros" de José Ferreira Monte - 1ª Edição de 1957

"Escombros" de José Ferreira Monte - 1ª Edição de 1957

"Escombros"
de José Ferreira Monte

Capa de Assunção Diniz

1 Edição de 1957
Coimbra Editora
202 Páginas

POEMA

Como sabes, vivo debruçado
sobre o nosso País
de rosas e neblinas para os olhos,
de palavras e e silêncios para os corações!

Como sabes, vivo iluminado
pelo que pressinto infeliz,
para quem veli tecidos os escolhos,
e a quem mais cegam os trágicos clarões!

- Como um soldado
perdido
na neve dum rumo mal traçado,
- mas aquecido
ao fogo
das mais quentes canções!

---
José Ferreira Monte nasceu a 1922 (Coimbra) e morreu em 1985 (Figueira da Foz).

Poeta e novelista da primeira geração neo-realista, fez parte do chamado «grupo de Coimbra. Com o baptismo de José Ferreira Moreira da Câmara, abandonou os estudos secundários antes de 1940 para trabalhar como empregado de escritório. A tristeza confessional, nocturna, do livro de estreia, Noite Rebelde («E a minha alma/ não se cansa de ser triste!), celebrada por Gaspar Simões como «adulta, foi temperada nas colaborações em Gazeta de Coimbra, O Figueirense e Vértice, assinando por vezes como Ferreira da Câmara, M. ou com o pseudónimo Adalberto Rosa. No segundo livro de poemas, Para Que Tudo Renasça, a abertura ao futuro e à claridade («Após/ a penumbra, abre-te poesia/ Que o teu dia é sol, sem dorso de servos) mereceu já do mesmo crítico repreensão ao «estreante ortodoxo. Em Tempo do Silêncio, persistiu na anterior dicotomia entre um clima emocional de silêncio interiorizado e uma ânsia de superação do tempo presente (« Embora: sigo a esteira de certos condenados,/ até saber-lhe o fim!); mas ficou uma nua e imensa coragem de ingénua verdade sobre esses anos de silêncio: rodeado de estantes velhas/ e de livros/ (os vulgares e os dos perigos),/ espiado por aquela máscara de que noutros versos já falei. Entretanto, colaborou como poeta nas Marchas, Danças e Canções, musicadas por Fernando Lopes Graça. Participou na renovação de Vértice, de que foi funcionário administrativo, e coordenou o cancioneiro Sob o Signo do Galo. Depois da estreia novelística com Honório, a Família e os Vizinhos, em separata da revista Portucale, dispersou pela imprensa da década de 1950, mais amiúde em Diário de Lisboa, diversos contos e crónicas, pinceladas sobre o quotidiano social e os seus conflitos, que ficaram por reunir em volume. Redactor-delegado da revista Paralelo 20 (Moçambique), entre empregos precários e o desemprego, caiu no esquecimento a partir dos anos 60, em definitivo com a proibição do seu último livro, Poesia Amordaçada. Além de rara colaboração em jornais depois de 1974, deixou inédita uma vasta criação poética de desigual valor. Foi encarregado nas bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, em Castelo Branco e depois em Ovar, de 1961 até à data da sua morte.

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Etiquetas: Literatura

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