"Tempo de Falar" - Diário da Invasão de Goa
de Bastos Martins

1ª Edição s/d
Edição do Autor
94 Páginas

Um dos livros portugueses proibidos no Regime Fascista.

«Os goeses andavam perplexos por não terem uma directiva do Governador-Geral acerca do que deveriam fazer quando a invasão começasse. Directiva única: Ficaremos aqui, mesmo debaixo da terra . É inútil comentar esta directiva balofa e inútil, que cheira a jantares de homenagem e a discursos de velhotes numa academia de história. Que instruções receberam os goeses acerca do que deveriam fazer para defender as suas terras, os seus lares, os seus bens? Nenhumas. Não vale a pena sofismar, a resposta é só uma: nenhumas. Queriam instruções deram-lhes discursos. Se os indianos invadissem, que fazer? Fugir? Atirar-lhes pedras? Fazer-lhes os discursos que já sabiam de cor? Cruzar os braços?»

Escrevi este livro ao vosso lado quando, com a tristeza e a preocupação gravadas nos rostos, aguardávamos a partida do Searaven para Karachi «rumo 324».
Passámos vinte e quatro dias a bordo. Durante eles tivemos os mesmos problemas e todos os vivemos com a mesma dor. Esses largos dias não podem deixar de constituir um elo que nos ligará pela vida fora.
Dedico-vos este livro sabendo de antemão que não sou o mais indicado para contar a história dos últimos dias da Goa portuguesa. Este livro, porém, não pretende ser
essa história, mas apenas um relato, necessariamente pessoal, do que se passou durante os dias que antecederam a nossa partida.
in Aos Meus Companheiros no Searaven

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