"Poesia Reunida" de Maria do Rosário Pedreira - 2ª Edição de 2013
"Poesia Reunida" de Maria do Rosário Pedreira - 2ª Edição de 2013
Preço: 10 €
"Poesia Reunida" de Maria do Rosário Pedreira - 2ª Edição de 2013
"Poesia Reunida"
de Maria do Rosário Pedreira
Prefácio de Pedro Mexia
2ª Edição de 2013
QUETZAL Editores
Coleção Poesia
258 Páginas
Mãe, Eu Quero Ir-me Embora
Mãe, eu quero ir-me embora - a vida não é nada
daquilo que disseste quando os meus seios começaram
a crescer. O amor foi tão parco, a solidão tão grande,
murcharam tão depressa as rosas que me deram
se é que me deram flores, já não tenho a certeza, mas tu
deves lembrar-te porque disseste que isso ia acontecer.
Mãe, eu quero ir-me embora - os meus sonhos estão
cheios de pedras e de terra; e, quando fecho os olhos,
só vejo uns olhos parados no meu rosto e nada mais
que a escuridão por cima. Ainda por cima, matei todos
os sonhos que tiveste para mim - tenho a casa vazia,
deitei-me com mais homens do que aqueles que amei
e o que amei de verdade nunca acordou comigo.
Mãe, eu quero ir-me embora - nenhum sorriso abre
caminho no meu rosto e os beijos azedam na minha boca.
Tu sabes que não gosto de deixar-te sozinha, mas desta vez
não chames pelo meu nome, não me peças que fique
as lágrimas impedem-me de caminhar e eu tenho de ir-m
embora, tu sabes, a tinta com que escrevo é o sangue
de uma ferida que se foi encostando ao meu peito como
uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer.
Mãe, eu vou-me embora - esperei a vida inteira por quem
nunca me amou e perdi tudo, até o medo de morrer. A esta
hora as ruas estão desertas e as janelas convidam à viagem.
Para ficar, bastava-me uma voz que me chamasse, mas
essa voz, tu sabes, não é a tua - a última canção sobre
o meu corpo já foi há muito tempo e desde então os dias
foram sempre tão compridos, e o amor tão parco, e a solidão
tão grande, e as rosas que disseste que um dia chegariam
virão já amanhã, mas desta vez, tu sabes, não as verei murchar.
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
Estamos perante uma visão do mundo de feição romântica, que concentra no amor a justificação da existência. É certo que o romantismo nunca deixou de influenciar a poesia portuguesa, e que os neo-confessionalismos recuperaram o tema do sofrimento passional, mas as poetas têm-se mostrado reticentes a esse discurso que o feminismo estigmatizou, acusando-o de idealizar a mulher ou mitificar o homem, tornando-os criaturas falsas, alienadas. Em autoras mais novas, o lirismo amoroso, mesmo quando é sugerido, vê-se logo ironizado ou sabotado. Nesse sentido, a poética de Maria do Rosário Pedreira parece deslocada no tempo, e assume todos os riscos «intempestivos» de um aparente confessionalismo sentimental. (do Prefácio, de Pedro Mexia)
---
Maria do Rosário Pedreira nasceu em Lisboa em 1959. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Depois de uma breve passagem pelo ensino, que a influenciou a escrever para jovens, ingressou na carreira editorial, sendo hoje editora de literatura portuguesa. A sua obra iniciou-se pela ficção juvenil com duas coleções que foram adaptadas à televisão e venderam cerca de um milhão de exemplares. Embora tenha publicado um romance e contos dispersos em revistas e antologias, é sobretudo conhecida como poeta, tendo publicado quatro livros, hoje coligidos na sua Poesia Reunida, publicada pela Quetzal em 2012 e distinguida com o Prémio da Fundação Inês de Castro. Está traduzida em várias línguas e publicada em volumes independentes, revistas e antologias em diversos países.
NOVO - PORTES GRÁTIS
de Maria do Rosário Pedreira
Prefácio de Pedro Mexia
2ª Edição de 2013
QUETZAL Editores
Coleção Poesia
258 Páginas
Mãe, Eu Quero Ir-me Embora
Mãe, eu quero ir-me embora - a vida não é nada
daquilo que disseste quando os meus seios começaram
a crescer. O amor foi tão parco, a solidão tão grande,
murcharam tão depressa as rosas que me deram
se é que me deram flores, já não tenho a certeza, mas tu
deves lembrar-te porque disseste que isso ia acontecer.
Mãe, eu quero ir-me embora - os meus sonhos estão
cheios de pedras e de terra; e, quando fecho os olhos,
só vejo uns olhos parados no meu rosto e nada mais
que a escuridão por cima. Ainda por cima, matei todos
os sonhos que tiveste para mim - tenho a casa vazia,
deitei-me com mais homens do que aqueles que amei
e o que amei de verdade nunca acordou comigo.
Mãe, eu quero ir-me embora - nenhum sorriso abre
caminho no meu rosto e os beijos azedam na minha boca.
Tu sabes que não gosto de deixar-te sozinha, mas desta vez
não chames pelo meu nome, não me peças que fique
as lágrimas impedem-me de caminhar e eu tenho de ir-m
embora, tu sabes, a tinta com que escrevo é o sangue
de uma ferida que se foi encostando ao meu peito como
uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer.
Mãe, eu vou-me embora - esperei a vida inteira por quem
nunca me amou e perdi tudo, até o medo de morrer. A esta
hora as ruas estão desertas e as janelas convidam à viagem.
Para ficar, bastava-me uma voz que me chamasse, mas
essa voz, tu sabes, não é a tua - a última canção sobre
o meu corpo já foi há muito tempo e desde então os dias
foram sempre tão compridos, e o amor tão parco, e a solidão
tão grande, e as rosas que disseste que um dia chegariam
virão já amanhã, mas desta vez, tu sabes, não as verei murchar.
Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
Estamos perante uma visão do mundo de feição romântica, que concentra no amor a justificação da existência. É certo que o romantismo nunca deixou de influenciar a poesia portuguesa, e que os neo-confessionalismos recuperaram o tema do sofrimento passional, mas as poetas têm-se mostrado reticentes a esse discurso que o feminismo estigmatizou, acusando-o de idealizar a mulher ou mitificar o homem, tornando-os criaturas falsas, alienadas. Em autoras mais novas, o lirismo amoroso, mesmo quando é sugerido, vê-se logo ironizado ou sabotado. Nesse sentido, a poética de Maria do Rosário Pedreira parece deslocada no tempo, e assume todos os riscos «intempestivos» de um aparente confessionalismo sentimental. (do Prefácio, de Pedro Mexia)
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Maria do Rosário Pedreira nasceu em Lisboa em 1959. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Depois de uma breve passagem pelo ensino, que a influenciou a escrever para jovens, ingressou na carreira editorial, sendo hoje editora de literatura portuguesa. A sua obra iniciou-se pela ficção juvenil com duas coleções que foram adaptadas à televisão e venderam cerca de um milhão de exemplares. Embora tenha publicado um romance e contos dispersos em revistas e antologias, é sobretudo conhecida como poeta, tendo publicado quatro livros, hoje coligidos na sua Poesia Reunida, publicada pela Quetzal em 2012 e distinguida com o Prémio da Fundação Inês de Castro. Está traduzida em várias línguas e publicada em volumes independentes, revistas e antologias em diversos países.
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- TipoVenda
- ConcelhoCascais
- FreguesiaCarcavelos e Parede
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Etiquetas: Literatura
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Raul Ribeiro
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