"Mitologias" de Roland Barthes - Edição de 1978

"Mitologias" de Roland Barthes - Edição de 1978

"Mitologias"
de Roland Barthes

Tradução e Prefácio de José Augusto Seabra

Edição de 1978
Edições 70
Coleção Signos N 2
226 Páginas

O leitor encontrará aqui duas determinações: por um lado, uma crítica ideológica que incide sobre a linguagem da chamada cultura de massa: por outro, uma primeira desmontagem semiológica desta linguagem: eu acabava de ler Sausurre e daí tirei a convicção de que tratando as "representações colectivas" como sistemas de signos era possível esperar sair da denúncia piedosa e das conta nas suas minúcias da manifestação que transforma a cultura pequeno-burguesa numa natureza universal.

Mitologias ilustra a bela generosidade do interesse progressivo de Barthes no significado (sua palavra é significação) de praticamente tudo ao seu redor, não apenas os livros e pinturas de arte erudita, mas também os slogans, curiosidades, brinquedos, comida e produtos populares rituais (cruzeiros, strip-tease, comer, lutas) da vida contemporânea. Para Barthes, palavras e objetos têm em comum a capacidade organizada de dizer algo; ao mesmo tempo, por serem signos, palavras e objetos têm má-fé sempre a aparecer natural para seus consumidores, como se o que eles dizem é eterna, verdadeira, necessária, em vez de arbitrária, feita, contingente. Mythologies encontra Barthes revelando os sistemas antiquados de ideias que tornam possível, por exemplo, para "o cérebro de Einstein" representar, ser o mito de "um génio tão carente de magia que se fala sobre seu pensamento como um trabalho funcional análogo ao da fabricação mecânica de salsichas. ' Cada um dos pequenos ensaios neste livro arranca uma definição de um objeto comum, mas construído, fazendo o objeto falar seu oculto, mas sempre presente, reservatório de sentido manufaturado.

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Roland Barthes (Cherbourg, 12 de novembro de 1915 Paris, 26 de março de 1980) foi um escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês.

Formado em Letras Clássicas em 1939 e Gramática e Filosofia em 1943 na Universidade de Paris, fez parte da escola estruturalista, influenciado pelo lingüista Ferdinand de Saussure. Crítico dos conceitos teóricos complexos que circularam dentro dos centros educativos franceses nos anos 50. Entre 1952 e 1959 trabalhou no Centre national de la recherche scientifique - CNRS.

Barthes usou a análise semiótica em revistas e propagandas, destacando seu conteúdo político. Dividia o processo de significação em dois momentos: denotativo e conotativo. Resumida e essencialmente, o primeiro tratava da perceção simples, superficial; e o segundo continha as mitologias, como chamava os sistemas de códigos que nos são transmitidos e são adotados como padrões. Segundo ele, esses conjuntos ideológicos eram às vezes absorvidos despercebidamente, o que possibilitava e tornava viável o uso de veículos de comunicação para a persuasão.

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