"Kaputt" de Curzio Malaparte

"Kaputt" de Curzio Malaparte

"Kaputt"
de Curzio Malaparte

Edição de 1977
Círculo de Leitores
456 Páginas

Livro cruel e alegre no dizer do próprio autor, mas acima de tudo surpreendente e fascinante, capaz de dividir o leitor perante a beleza da sua escrita hiper-realista e fantástica, excessiva e barroca e o espetáculo hílare e grotesco das cenas terríveis que descreve, Kaputt é um relato impiedoso e lírico da Europa em pleno teatro bélico da II Guerra Mundial, a descrição de um inteiro continente em chamas e arremessado para o abismo da desintegração política e moral, vivenciado diretamente por Curzio Malaparte, escritor, intelectual, diplomata e herói de guerra, capitão das tropas alpinas e correspondente do jornal Corriere della Sera, com a missão de reportar os cenários que encontra nas várias frentes de guerra, da Polónia à Finlândia.

É desta tentativa impossível de simplesmente relatar o que vê e o que ouve, da convivência íntima com o lado inimigo, da desenvoltura e à-vontade com que se relaciona com altas patentes alemãs, priva com príncipes, ministros do III Reich e embaixadores, frequenta os salões nobres e experiencia o sofrimento de soldados e mujiques, que nasce Kaputt e a sua suite picaresca de histórias que se vão desfiando, uma a uma, para deleite e horror das elites europeias e gerações de leitores.

Iniciado em plena frente russa, durante o Verão de 1941, e terminado em Itália, em 1943, já após a queda de Mussolini, Kaputt tornou-se aquando da sua publicação um bestseller internacional, consagrando Curzio Malaparte como um dos maiores escritores do século XX.

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Curzio Malaparte (pseudónimo de Kurt Erich Suckert) nasce em 1898, em Prato, perto de Florença. Aos dezasseis anos, em 1914, ainda a Itália não entrara na guerra, alista-se como voluntário no exército francês, recebendo a Cruz de Guerra com palma. Apoiante, numa fase inicial, do movimento fascista italiano e jornalista prolífico, Malaparte publica, em 1931, Técnica do Golpe de Estado, que lhe vale uma pena de prisão de cinco anos na ilha de Lipari.
Durante a II Guerra Mundial, ruma à Frente Leste como correspondente de guerra do Corriere della Sera, experiência essa que serve de mote para os seus livros mais célebres, Kaputt e A Pele. Depois da guerra, Malaparte, cujas afinidades políticas entretanto resvalam para a esquerda e cujo ateísmo se converte em catolicismo, continua a escrever, dedicando-se também ao teatro e ao cinema. Morre em 1957, em Roma.

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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