"CANÇÕES e Outros Poemas" de António Botto - 1ª Edição de 2008

"CANÇÕES e Outros Poemas" de António Botto - 1ª Edição de 2008

"CANÇÕES e Outros Poemas"
de António Botto

Edição, cronologia e introdução de Eduardo Pitta

1ª Edição de 2008
Quasi Edições
Obras Completas de António Botto
426 Páginas

Tenho a Certeza de que Entre Nós Tudo Acabou

Tenho a certeza
De que entre nós tudo acabou.
- Não há bem que sempre dure
E o meu bem pouco durou.

Não levantes os teus braços,
Para de novo cingir
A minha carne de seda;
- Vou deixar-te, vou partir.

E se um dia te lembrares,
Dos meus olhos cor de bronze
E do meu corpo franzino,
Acalma
A tua sensualidade,
Bebendo vinho e cantando
Os versos que te mandei
Naquela tarde cinzenta!

Adeus!
Quem fica sofre, bem sei;
Mas sofre mais quem se ausenta!

A presente edição segue a que foi impressa em Abril de 1941 nas oficinas Bertrand. A chamada edição canónica, por ter ficado a salvo dos cortes e acrescentos arbitrários de outras que se seguiram. Entre edições acompanhadas pelo poeta, antes e depois da partida para o Brasil em 1947, e edições pirata, em Portugal e no Brasil, antes e depois da sua morte em 1959, é praticamente impossível seguir o rasto da obra, em particular o das Canções, conjunto de livros cuja fixação encontra melhor forma na sua 6.ª edição, precisamente a de Abril de 1941, aqui retomada na parte que respeita (e só a essa) aos poemas das Canções. Fica para outro volume a sequência de Cartas que me foram devolvidas, constante da referida edição. Em seu lugar, surge O Livro do Povo e uma secção de dispersos, alguns extraídos de Ainda não se escreveu, colectânea muito irregular que teve publicação póstuma. Essa a razão do título ora adoptado: Canções e Outros Poemas.

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António Botto nasceu em 1897 no concelho de Abrantes, em meio proletário, e ainda em criança foi viver para Lisboa. A sua estreia literária dá-se em 1921, ano em que é publicada a primeira edição de Canções, com prefácio de Teixeira de Pascoaes, obra inovadora na lírica portuguesa e que na época causou grande polémica pelo seu teor explicitamente homossexual. Além de poeta, Botto foi também contista e dramaturgo. Os seus contos infantis foram traduzidos para inglês (1935) e irlandês (1941), e parte da sua obra poética foi traduzida por Fernando Pessoa com o título Songs, em 1948. Pessoa foi também seu editor e defensor crítico, tendo o ensaio «António Botto e o Ideal Estético em Portugal» (Contemporânea, 1922) influenciado fortemente a receção crítica da sua poesia. Ostracizado em Portugal, Botto radicou-se no Brasil em 1947, onde passou tempos muito difíceis, vindo a morrer de atropelamento no Rio de Janeiro, em 1959.

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Etiquetas: Literatura

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