"Autos e Diligências de Inquirição" Contribuição para a História da Universidade de Coimbra no Século XVII

"Autos e Diligências de Inquirição" Contribuição para a História da Universidade de Coimbra no Século XVII

"Autos e Diligências de Inquirição"
Contribuição para a História da Universidade de Coimbra no Século XVII

Prefácio, introdução e transcrição por Joaquim Ferreira Gomes

Edição de 1989
Fundação Calouste Gulbenkian
Série de Cultura Portuguesa
534 Páginas

Se é verdade que todos os livros têm a sua história, o que agora se publica, nesse aspeto, dificilmente ficará atrás de qualquer outro. É, efetivamente, longa (e, por vezes, dolorosa) a história deste livro, desde o momento em que, em 1619, começou a ser escrito «nas casas da Universidade».

Poucos dias depois de, em 1624, haverem terminado os «Autos e diligências de inquirição », o códice teria sido levado para o Mosteiro de Santa Cruz, onde teria estado fechado a sete chaves até à extinção das Ordens Religiosas, na terceira década do século XIX, altura em que teria sido levado para a Biblioteca Nacional. Aí o leu Teófilo Braga, nos finais do século passado. Aí, a meu pedido, foi microfilmado, há alguns anos. [ ] Escrevi-lhe uma Introdução que foi dactilografada em 1986. De então até hoje, passou algum «tempo», que não foi um tempo vazio, mas um tempo cheio de «acontecimentos» muito significativos e verdadeiramente «históricos».

O manuscrito que agora se publica é um documento de valor inestimável para o estudo dos costumes, das mentalidades e das ideias no Portugal do primeiro quartel do século XVII. O facto de ele descrever e descobrir os «muitos e prejudiciais vícios» de que então enfermaria a Universidade, de modo algum podia ser motivo ou pretexto para deixar que ele acabasse por ser devorado pelos vermes na Biblioteca Nacional (onde, aliás, neste momento, se encontra em estado de boa conservação).

Porque a História não é Apologia e porque um documento nem é bom nem é mau, mas é simplesmente um documento e porque a História se faz com documentos, publica-se agora este documento. E publica-se no momento em que a Universidade Portuguesa comemora os seus setecentos anos de vida.

As instituições, como os indivíduos, devem assumir-se tais quais são, com as suas virtudes e os seus vícios, com as suas qualidades e os seus defeitos, com as suas grandezas e as suas pequenezas. Aceitar-se tal como se é, é uma atitude de dignidade moral. Contar a História tal como ela se passou é uma atitude de seriedade científica.

(Do prefácio de Joaquim Ferreira Gomes)

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Raul Ribeiro

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