"As Madrugadas" de Linda Lê

"As Madrugadas" de Linda Lê

"As Madrugadas"
de Linda Lê

Teorema
158 Páginas

Tinha necessidade de falar(..) sem prestar atenção á expressão de repugnância que se desenhava no meu rosto, lançou-se numa longa diatribe contra as mulheres com cio, coelhas sempre á caça e cujos sonhos são povoados de cópulas chamejantes e concursos de orgasmos. Quanto mais envelhecem, mais o apelo da natureza se torna urgente. A regente era, nessa matéria , um ogre , uma Circe esfomeada. Os porcos de que se alimentava estavam inteiramente á sua mercê, felizes por satisfazer a presidente do Concórcio. E ele, o marido-fantoche, ele estava ali a embriagar-se . não que o ciúme o torturasse, mas, ainda assim, não era tudo aquilo ignóbil? Queria-me para cúmplice.

Com a minha mãe ,abandonara-se á guerra para não se deixar devorar. Mas era isso o amor? Feito de tantos ódio e amargura? E não desistira ele logo nos primeiros anos do casamento? A pintura abandonara-o , nada lhe restava. A minha mãe apoderara-se dele. Era o seu bode expiatório.

Excertos

Com alguns, muito pouco, sublinhados que não afectam a leitura.

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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