"A Fome" de José Martins Garcia
"A Fome" de José Martins Garcia
Preço: 10 €
"A Fome" de José Martins Garcia
"A Fome"
de José Martins Garcia
2 Edição de 1998
Edições Salamandra
Coleção Garajau
222 Páginas
Mas de que fome se trata? Aqui também temos duas perspectivas notórias: uma é a fome primária, estomacal, fisiológica, que corrói as vísceras de António Cordeiro, a fome de costeleta e de bife, que inclusive navega a bordo do mítico Carvalho Araújo que levou o protagonista - e várias gerações de açorianos - para Lisboa, onde ele desembarca "em Alcântara, sem tostão no bolso." Na Capital, a fome não dá tréguas, vitimizando-o "o cheiro da comida, o apelo da comida, a imagem da comida, a alucinação da comida", em que o ícone é uma saborosa costeleta entrevista num restaurante.
Já na universidade, António Cordeiro "prolongava o jantar para além dos limites razoáveis. Mastigava cuidadosamente...", tudo isso para enganar a fome. Essa carência absoluta faz com que declare, a páginas tantas, "Sempre me foi a fome uma entidade familiar. Profissão: faminto - eis o que não consta nos arquivos deste planeta." A outra fome é mais sofisticada, é fome metafórica, mas não menos dolorosa: é a constituída pela ausência de tudo o que dá dignidade e conforto à existência, é tudo aquilo que António Cordeiro não tem e que tanto deseja, embora não lhe seja perfeitamente claro o que isso seja.
---
José Martins Garcia nasceu na Criação Velha, ilha do Pico, a 17 de fevereiro de 1941. No então Liceu Nacional da Horta fez uma parte dos seus estudos. Os bons resultados escolares deram-lhe acesso a uma bolsa da Junta Geral, o que lhe permitiu completar o curso liceal no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, cidade onde se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras.
No ano letivo de 1964-65 foi professor eventual no Liceu da Horta. Chamado a cumprir serviço militar, em 1965, foi mobilizado para a Guiné, aí permanecendo de 1966 a 1968, experiência que se projeta em Lugar de Massacre (1975), um dos primeiros romances portugueses a abordar a guerra em África, incluído por Rui de Azevedo Teixeira no grupo dos oito romances obrigatórios, canónicos, da literatura da Guerra Colonial. Essa experiência acabaria por pontuar, sob diversas formas e em diferentes circunstâncias, o conjunto da sua obra.
A partir do início dos anos setenta, como refere Ricardo Jorge, José Martins Garcia torna-se «um dos mais assíduos colaboradores de Fernando Ribeiro de Mello nas Edições Afrodite, onde, aliás, publicou parte da sua obra, a começar por Alecrim, alecrim aos molhos (1974) e a prolongar-se em obras de referência como Lugar de Massacre (1975), A fome (1977) e Revolucionários e Querubins (1977). Além disso, a sua colaboração com Fernando Ribeiro de Mello traduziu-se na escrita de prefácios, na organização de antologias e na tradução, substituindo, com as devidas distâncias, «a conterrânea Natália Correia como referência literária da Afrodite, na opinião de Pedro Piedade Marques.
José Martins Garcia faleceu em Ponta Delgada a 3 de Novembro de 2002.
ÓPTIMO ESTADO - PORTES GRÁTIS
de José Martins Garcia
2 Edição de 1998
Edições Salamandra
Coleção Garajau
222 Páginas
Mas de que fome se trata? Aqui também temos duas perspectivas notórias: uma é a fome primária, estomacal, fisiológica, que corrói as vísceras de António Cordeiro, a fome de costeleta e de bife, que inclusive navega a bordo do mítico Carvalho Araújo que levou o protagonista - e várias gerações de açorianos - para Lisboa, onde ele desembarca "em Alcântara, sem tostão no bolso." Na Capital, a fome não dá tréguas, vitimizando-o "o cheiro da comida, o apelo da comida, a imagem da comida, a alucinação da comida", em que o ícone é uma saborosa costeleta entrevista num restaurante.
Já na universidade, António Cordeiro "prolongava o jantar para além dos limites razoáveis. Mastigava cuidadosamente...", tudo isso para enganar a fome. Essa carência absoluta faz com que declare, a páginas tantas, "Sempre me foi a fome uma entidade familiar. Profissão: faminto - eis o que não consta nos arquivos deste planeta." A outra fome é mais sofisticada, é fome metafórica, mas não menos dolorosa: é a constituída pela ausência de tudo o que dá dignidade e conforto à existência, é tudo aquilo que António Cordeiro não tem e que tanto deseja, embora não lhe seja perfeitamente claro o que isso seja.
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José Martins Garcia nasceu na Criação Velha, ilha do Pico, a 17 de fevereiro de 1941. No então Liceu Nacional da Horta fez uma parte dos seus estudos. Os bons resultados escolares deram-lhe acesso a uma bolsa da Junta Geral, o que lhe permitiu completar o curso liceal no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, cidade onde se licenciou em Filologia Românica pela Faculdade de Letras.
No ano letivo de 1964-65 foi professor eventual no Liceu da Horta. Chamado a cumprir serviço militar, em 1965, foi mobilizado para a Guiné, aí permanecendo de 1966 a 1968, experiência que se projeta em Lugar de Massacre (1975), um dos primeiros romances portugueses a abordar a guerra em África, incluído por Rui de Azevedo Teixeira no grupo dos oito romances obrigatórios, canónicos, da literatura da Guerra Colonial. Essa experiência acabaria por pontuar, sob diversas formas e em diferentes circunstâncias, o conjunto da sua obra.
A partir do início dos anos setenta, como refere Ricardo Jorge, José Martins Garcia torna-se «um dos mais assíduos colaboradores de Fernando Ribeiro de Mello nas Edições Afrodite, onde, aliás, publicou parte da sua obra, a começar por Alecrim, alecrim aos molhos (1974) e a prolongar-se em obras de referência como Lugar de Massacre (1975), A fome (1977) e Revolucionários e Querubins (1977). Além disso, a sua colaboração com Fernando Ribeiro de Mello traduziu-se na escrita de prefácios, na organização de antologias e na tradução, substituindo, com as devidas distâncias, «a conterrânea Natália Correia como referência literária da Afrodite, na opinião de Pedro Piedade Marques.
José Martins Garcia faleceu em Ponta Delgada a 3 de Novembro de 2002.
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Etiquetas: Literatura
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