Raphael, por Lamartine - Alphonse Marie Louis de Prat de Lamartine. Edição de luxo, de 1889, em óptimo estado.Editada pela Livraria António Maria Pereira, tem a tradução da escritora Maria Amália Vaz de Carvalho. A obra é ilustrada com inúmeros desenhos de P. Baudouin AUDOUIN gravados por MEAULLE. 257 págs. Belíssima encadernação artística dos editores, em inteira de tela cor azul tempestade com desenhos decorativos e vegetalistas a cores e a folha de ouro.

Raphaël, o segundo romance de amor de Lamartine depois de Graziella (cujo sucesso é inegável), retém áreas de intensidade e mistério que ressuscitam uma grande voz do Romantismo.Raphaël é o nome que Lamartine dá, pouco mais de trinta anos depois, ao amante que um dia foi.Para aumentar a confusão entre verdade e ficção, Julie Charles, heroína do Lago que foi o poema mais famoso do século 19 na França, mantém seu primeiro nome.Tecido de mentiras, sua história?Nossa dupla cronologia, no apêndice, é responsável por medir a transposição dos fatos para a ficção.Lamartine permanece fiel à verdade mais essencial: que "Tudo diz: eles amaram" ("O Lago").Ter banhado em sua matéria luminosa, ter conhecido esta graça dolorosa da presença e sua privação,o idoso Lamartine que escreve seu Werther lá permanece para sempre em êxtase.A própria paisagem torna-se habitada.Savoy sempre terá um rosto, o de Julie.Isso é o suficiente para criar um mundo, centrado em dois seres que extrairão profundidade de seu sofrimento.Este pequeno romance é um poema rico.A coleção de Meditações está lá, latente.A poesia também fica abaixo, hino e canto fúnebre.O lago, por exemplo, é onipresente, cenário, espetáculo, mas também música, espaço fechado, tempo contido, desdobramento do idílio;para os contemporâneos de Lamartine e para nós, este livro é uma história poética.Recordação do idílio, glosa de um poema, o romance autobiográfico de Raphaël retorna aos lugares do Lago e às origens da poesia lamartiniana: a gênese de uma alma, seu renascimento pelo amor,acompanhar a reinvenção íntima da literatura.Este último não se desenvolve em considerações teóricas, mas na compreensão da própria vida.

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