Margarida. Scenas da vida contemporânea por Júlio Lourenço Pinto. 1880

Margarida. Scenas da vida contemporânea por Júlio Lourenço Pinto. 1880

N 21265 Margarida. Scenas da vida contemporânea por Júlio Lourenço Pinto. 2 Edição Porto Typographia do Commércio do Porto 1880. Encadernado. Lombada em pele, 490 Pgs. 12x17cm. Assinatura de posse. Restauro em 6 folhas com ligeiras perdas.
Primeiro romance do ciclo Cenas da Vida Contemporânea, bem acolhido pelo público, tendo conhecido uma segunda edição em 1880, dotada de um prefácio doutrinário. Influenciado por O Primo Basílio, de Eça de Queirós, Júlio Lourenço Pinto pretende fazer aqui um estudo das consequências do adultério por parte do marido, neste caso Fernando, casado com a doce e serena Margarida, seduzido pela também casada Adelina. Os pressupostos naturalistas perfilhados pelo autor subjazem à evolução da trama - o adultério é favorecido por fatores patológicos (a instabilidade de Adelina, "fogosa e indolente, mórbida e excitável"; a fraqueza de carácter de Luís, seu marido, herdeiro do temperamento linfático da mãe) e educacionais (Adelina é educada num colégio, onde exacerba os seus desequilíbrios e lê romances sentimentais; Fernando deixa-se encaminhar para as grandes decisões pelo pai), mas a obra não está isenta de marcas românticas, nomeadamente no desfecho, com a morte trágica da inocente Margarida, vítima de um "tifo cérebro-espinal".
Margarida é um dos romances que integra a série naturalista Senas da vida contemporâna, e uma das obras mais apreciadas do autor. No prólogo, Júlio Lourenço Pinto faz um breve, mas muito interessante balanço literário da época - a corrente realista em oposição ao romantismo.
"O mez de abril tinha corrido chuvoso, pouco tivera de primavera, foi um inverno coberto de viçosas folhagens. O sol raiava a largos intervallos; nas alturas só de quando em quando luziam claros de céo, através de nuvens esfarrapadas, acossadas de um vento fresco; intercalava-se um ou outro dia sorridente; n'estes intervallos a passarinhada espanejava-se alegre, saltitava nos arvoredos que se iam afogando na espessura das folhagens de um verde fresco e vidrado, como uma porcellana."
(excerto do Cap. I)
Júlio Lourenço Pinto (1842-1907). "Bacharel em Direito Pela Universidade de Coimbra (1864), fez a sua estreia literária no Comércio do Porto, jornal em que publicou uma série de artigos, sob o título "Revistas semanais", e outra colaboração sobre diversos temas. Como ficcionista, foi autor dos romances "Margarida" (1880), "Vida Atribulada" (1880),"O Senhor Deputado" (1882), "O Homem Indispensável" (1883) e "O Bastardo" (1889), subordinados ao título genérico de Cenas da Vida Contemporânea, e do livro de contos "Esboços do Natural" (1885). A "Estética Naturalista" (1884) é a reunião dos artigos dados à estampa na "Revista de Estudos Livres" (1883-1887), terceiro e último órgão do movimento positivista português, editada em Lisboa por iniciativa de Teófilo Braga e Teixeira Bastos, que compartilharam a sua direcção com Sílvio Romero e outros dois intelectuais brasileiros. Com esta obra de teorização estética, Júlio Lourenço Pinto faz jus a que o seu nome figure na não muito numerosa galeria dos nossos doutrinadores literários."
(Fonte: wook.pt)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.


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