Literatura e Pluralidade Cultural
Literatura e Pluralidade Cultural
Preço: 15 €
Literatura e Pluralidade Cultural
. Coordenação de Isabel Allegro de Magalhães, João Barrento, Silvina Rodrigues Lopes e Fernando Cabral Martins
. Edições Colibri
. Lisboa, Fevereiro de 2000
. Eduardo Prado Coelho, Manuel Gusmão, Eunice Cabral, Teolinda Gersão, António Guerreiro, Silvina Rodrigues Lopes, Petar Petrov, Urbano Tavares Rodrigues, Maria João Brilhante, Isabel Capeloa Gil, Eduardo Lourenço, Maria Alzira Seixo, Rosa Maria Martelo, entre outros
. Actas do 3 Congresso Nacional da Associação Portuguesa de Literatura Comparada, 1998
. Sobrecapa de Marco Barrento, sobre pormenor do quadro de Jorge Martins, "D. Cunegundes da G... à Espera do Marido que Foi à Índia Buscar Pimenta para o Jantar" (1970)
. Capa dura
. ISBN: 9727721443
. 978 páginas
. Ligeiros sinais de envelhecimento na sobrecapa, miolo como novo
. Valor inclui portes em correio registado
"Em primeiro lugar, é preciso distinguir entre o testemunho e o mero relato. Notemos que a distinção recobre a tradicional oposição lacaniana entre saber e verdade. O relato transmite informações, é da ordem do saber. O testemunho insere-se no paradigma que diz: "eu, a verdade, falo". Num relato de futebol, vão-se seriando as jogadas. Até que uma delas coloca o problema de ter havido falta merecedora de grande penalidade. Aqui o relator pode transformar-se em testemunha se achar que aquilo que viu (toda a testemunha se define como personagem afectada por "o que viram os meus olhos") é uma contribuição para que se faça a verdade, se faça luz sobre os acontecimentos.
É neste sentido que Derrida pode dizer que o testemunho implica uma paixão pela verdade.
Só que esta paixão pela verdade só faz sentido se não houver material de prova isto é, para não deixarmos demasiado cedo o campo de futebol, uma gravação em vídeo que permita, pela reconstituição em câmera lenta, averiguar o que de facto se passou. O testemunho nunca é prova, está sempre um passo atrás da prova, oscila, vacila, estremece. O que Derrida vai sublinhar é que esta vacilação constitui o ponto de bifurcação (outros falarão em indecidibilidade) entre a verdade e a mentira, ou, se quisermos, entre o testemunho e a ficção. Só na medida em que o testemunho pode ser mentira e ficção, é que ele também pode ser atestação discursiva da verdade isto é, dos factos. Toda a testemunha se situa entre a prova objectiva e a literatura."
de "Literatura e Testemunho", de Eduardo Prado Coelho
. Edições Colibri
. Lisboa, Fevereiro de 2000
. Eduardo Prado Coelho, Manuel Gusmão, Eunice Cabral, Teolinda Gersão, António Guerreiro, Silvina Rodrigues Lopes, Petar Petrov, Urbano Tavares Rodrigues, Maria João Brilhante, Isabel Capeloa Gil, Eduardo Lourenço, Maria Alzira Seixo, Rosa Maria Martelo, entre outros
. Actas do 3 Congresso Nacional da Associação Portuguesa de Literatura Comparada, 1998
. Sobrecapa de Marco Barrento, sobre pormenor do quadro de Jorge Martins, "D. Cunegundes da G... à Espera do Marido que Foi à Índia Buscar Pimenta para o Jantar" (1970)
. Capa dura
. ISBN: 9727721443
. 978 páginas
. Ligeiros sinais de envelhecimento na sobrecapa, miolo como novo
. Valor inclui portes em correio registado
"Em primeiro lugar, é preciso distinguir entre o testemunho e o mero relato. Notemos que a distinção recobre a tradicional oposição lacaniana entre saber e verdade. O relato transmite informações, é da ordem do saber. O testemunho insere-se no paradigma que diz: "eu, a verdade, falo". Num relato de futebol, vão-se seriando as jogadas. Até que uma delas coloca o problema de ter havido falta merecedora de grande penalidade. Aqui o relator pode transformar-se em testemunha se achar que aquilo que viu (toda a testemunha se define como personagem afectada por "o que viram os meus olhos") é uma contribuição para que se faça a verdade, se faça luz sobre os acontecimentos.
É neste sentido que Derrida pode dizer que o testemunho implica uma paixão pela verdade.
Só que esta paixão pela verdade só faz sentido se não houver material de prova isto é, para não deixarmos demasiado cedo o campo de futebol, uma gravação em vídeo que permita, pela reconstituição em câmera lenta, averiguar o que de facto se passou. O testemunho nunca é prova, está sempre um passo atrás da prova, oscila, vacila, estremece. O que Derrida vai sublinhar é que esta vacilação constitui o ponto de bifurcação (outros falarão em indecidibilidade) entre a verdade e a mentira, ou, se quisermos, entre o testemunho e a ficção. Só na medida em que o testemunho pode ser mentira e ficção, é que ele também pode ser atestação discursiva da verdade isto é, dos factos. Toda a testemunha se situa entre a prova objectiva e a literatura."
de "Literatura e Testemunho", de Eduardo Prado Coelho
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