Introdução à Leitura de uma Abelha na Chuva  

Carlos Reis 

Uma Abelha na Chuva Rocal, Embatia no Talhe das Covas Levantando Chapadas de Água Enlameada. Parecia Desmantelar-Se. A Cada Solavanco, Álvaro Silvestre Escorregava sobre a Mulher que Sentia no Flanco o Peso Desagradável; Esquivava-Se à Pressão, Encolhida ao Canto da Bancada; e Olhava para o Homem de Oiro, na Boleia, Sob a Morrinha. - Primeiro, a Fonte Brotou Tenuemente, Muito ao Longe, na Infância; Depois, a Água Mansa Turvou-Se ao Longo do Caminho, do Tempo, com o Lixo que Lhe Foram Atirando das Margens; e Agora é Chocante, Escura, Desesperada. 
A Ruína Entrou na Casa de Alva: Dinheiro, Terras, Móveis, Levados Pela Voragem; Lustres Arrancados dos Tectos (Começou a Seroar-Se à Luz de Pobres Lamparinas); Velhas Arcas de Madeira Olorosa e Pesadas de Belos Linhos, Reposteiros, Cadeirinhas Graciosas Forradas a Damasco, Armários de Talha, Guarda-Loiças de Cristais Finíssimos, Camas Torneadas, Deu o Sumiço em Tudo; Desapareceram os Quadros das Paredes, a Prata dos Talheres; a Dona da Casa 

Coimbra 

Livraria Almedina 



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