"Trinta Facadas de Raiva" de Capitão Calvinho

"Trinta Facadas de Raiva" de Capitão Calvinho

"Trinta Facadas de Raiva"
de Capitão Calvinho

Prefácios do Major Diniz de Almeida e da Associação dos Deficientes das Forças Armadas

Capa de Luís Suarez

2 Edição s/d
Edição do Autor
94 Páginas

EMBOSCADA

Corpos que se arrastam
e se consomem
na suja lama das picadas
e nos estilhaços das granadas
que explodem.
-- Os rebentamentos
são o compasso
tétrico
da sinfonia Morte !
--O fogo intenso
cruzado
é o ritmo macabro
no patético bailado.
--Um homem tomba
Ei-lo que jaz
inerte, morto,
vencido!
--Outro homem grita
vendo cair a seu lado
um companheiro soldado:
Ah grandes filhos da puta!
Mataram o meu amigo!

(E um rosto de sangue manchado)

Cambada de terroristas!
Hei-de matar-vos a todos!

(E um cheiro a sangue queimado)

-- E as lágrimas amargas de raiva
rasgam sulcos vermelhos
num sujo rosto de pólvora!
E uma guerra que se declara:
Não por um povo oprimido
nem por uma Nação ofendida!
Mas por um homem ferido
num labirinto perdido
entre uma morte e uma vida!
.
---Transforma-se o oprimido
em instrumento opressor.
Nasce num peito uma guerra!
E, lá longe.
Na sua terra
o abutre, o carrasco,
o nazi,
a peste,
enchendo o ventre de carne
escreve:
DITOSA PÁTRIA QUE TAIS FILHOS DESTES
António Calvinho

Obra de intervenção poética, através de cujos versos o autor exprime o seu descontentamento pela guerra colonial e pelo projecto que esta visava conservar no tempo. Trata-se de uma leitura emocionada a respeito do que significa ser homem, ser português e ser livre.

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Raul Ribeiro

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