"Terra Que Já Foi Terra" de Paulo Monteiro - 1ª Edição de 1985

"Terra Que Já Foi Terra" de Paulo Monteiro - 1ª Edição de 1985

"Terra Que Já Foi Terra"
Análise Sociológica de Nove Lugares Agropastoris da Serra da Lousã.
de Paulo Monteiro

1ª Edição de 1985
Edições Salamandra
Coleção Tempos Modernos
290 Páginas

O autor embrenhou-se neste mundo agro-pastoril quando começou a abrir maços das velhas cartas encontradas na Serra da Lousã, correspondência de uma família, período temporal entre 1890 até 1950, o marido emigrado na América, quando regressou trazia atadas com cordéis as cartas da mulher. Assim se desvelava um mundo de camponeses a viver em autossubsistência, ou quase, prestando serviços como carvoeiros, vivendo em 9 lugares, religiosamente agrupados por 3 (em cada um deles um templo religioso), dando pelos nomes: Silveira de Cima, Silveira de Baixo e Cerdeira; Candal, Vaqueirinho e Catarredor; Chiqueiro, Casal Novo e Talasnal. Unidos pela festa de Santo António da Neve, aqui também se juntavam povos serranos de Serpins, Coentral e Castanheira de Pera. Os bailes eram a festa, mas havia gente turbulenta, à menor sarrafusca puxavam pelo varapau.

Paulo Monteiro procura ir na sua investigação a umas boas décadas atrás, questiona a organização social destes camponeses, são escassas centenas, casamentos feitos entre gente próxima, abastecendo-se primordialmente na Lousã, com relações esporádicas com Miranda do Corvo, visitando as feiras das vilas vizinhas, caso de Poiares, Serpins ou Condeixa. A relação festiva de caráter religioso é a Senhora da Piedade. Procurando apurar as origens e população dos 9 lugares, o investigador encontrou muitas dificuldades, consta que o povoamento começou no reinado de D. Dinis, as referências escritas são bem posteriores, sofreram bastante com as invasões francesas em 1811.

Como habitavam?

As casas são feitas de xisto escuro; incluía normalmente duas lojas para gado, em baixo, e uma sala ampla em cima, com lareira baixa, onde vivia toda a família, por maior que fosse; mais tarde, sobretudo nalguns lugares, já houve divisões para a cozinha e quarto de dormir (que quase sempre continuava a ser um só); os telhados são feitos de telha canuda coberta depois com placas de ardósia negra. Nas casas sem lojas por baixo o chão é térreo. Há 60 anos eram muito raras as janelas com vidros: usavam-se só portas de pau. Não há casas de banho nem retretes. A iluminação era feita com lamparinas de azeite e candeeiros de petróleo, a luz só chegou quando já estavam abandonados os lugares. A água corre pelos caminhos ou declives do lugar, tendo sido por vezes difícil beber água limpa: no inverno por causa das enxurradas, no verão porque ela escasseava, sendo então estancada de noite para de dia ser recolhida com cântaros e filtrada por um pano de forma a ficar potável. Nos nossos 9 lugares só no fim dos anos 1950 a Câmara da Lousã começou as obras de captação das águas; e fontes só em 1970 as houve, no Candal e Casal Novo.

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Paulo Filipe Monteiro é licenciado em Sociologia, pelo ISCTE. Ainda estudante, nos anos 1980, como projeto de fim de curso, iniciou o estudo da emigração das aldeias da serra da Lousã para os EUA. Continuou, mais tarde, a investigação sobre emigrantes portugueses, então a partir do destino, no Connecticut, EUA. Deste percurso surgiu o livro Emigração. O Eterno Mito do Retorno, bem como outras publicações, entre as quais, Luso-Americanos no Connecticut.
É doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, onde ensina drama, cinema e ficção.

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Raul Ribeiro

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