"Só" de António Nobre

"Só" de António Nobre


de António Nobre

Editor - Livraria Tavares Martins

Publicado em Paris, em abril de 1892, na casa Léon Vanier, Só surpreenderá os leitores e críticos nacionais com o carácter inesperado dos temas e com a novidade das opções formais e estilísticas. Integrado na geração de poetas da década de 90, Nobre revela o desejo de renovação da linguagem poética próprio de uma estética finissecular, integrando temas e registos de língua cujo acesso à expressão poética estivera outrora vedado. Em termos temáticos, destaca-se o pessimismo profundo da sua visão do mundo; em termos formais, a presença da linguagem popular e a utilização expressiva das marcas da coloquialidade.

António Pereira Nobre nasceu a 16 de agosto de 1867, na Rua de Santa Catarina, no Porto. Filho de burgueses abastados, estudou em vários colégios da cidade invicta e passava os verões nas casas que a família tinha no campo, na Lixa ou no Seixo (o seu «paraíso perdido, como lhe chamou o maior biógrafo do poeta, Guilherme de Castilho), ou na praia, em Leça, frequentada pela colónia inglesa, onde viria a descobrir o fascínio do mar, o «Prof. Oceano, seu grande mestre da praia da Boa Nova, professor em «aula aberta, e onde conheceria Miss Charlote, jovem perceptora inglesa com quem viria a corresponder-se durante dois anos, e que lhe encurtaria o nome para Anto, que ele tornaria personagem de ficção nos "Males de Anto", poema que encerra o "Só". Começou a escrever muito cedo, os seus primeiros poemas datam dos 15 anos de idade. Ruma alguns anos mais tarde a Coimbra, onde cursará Direito. Nesta altura já publicara numerosos poemas em jornais e revistas. Faz parte do grupo da revista "Boémia Nova", dirigida por Alberto Oliveira. Acaba por ser reprovado no primeiro ano. Durante as férias vai cimentar-se a sua amizade com Alberto Oliveira, tendo ambos partilhado uma casa em Leça. Nobre convive também com os pescadores, que carinhosamente o tratam por «o Criatura Nova. Regressa a Coimbra e depois da segunda reprovação decide ir fazer a licenciatura para Paris. Aí contactará com os poetas simbolistas, conhece Verlaine (que, ao que consta, muito admirava os versos do poeta português) e muitas outras «celebridades e celebróides, que refere num caderno de apontamentos, entre as quais se encontram os escritores Émile Zola, Alexandre Dumas e Mallarmé, ou a atriz Sarah Bernhardt. Mas Nobre acabará por viver momentos de angústia na «cidade luz, lutando com dificuldades financeiras, longe da Pátria, dos lugares de infância e dos amigos. E é na solidão do seu quarto da rue des Écoles que escreverá muitos dos poemas que integrarão o "Só", publicado em Paris em 1892, pelo editor dos poetas simbolistas, Léon Vanier. A obra é mal acolhida em Portugal, com exceção de alguns amigos, mas quando o livro é reeditado seis anos depois, as reações já são mais favoráveis. ...

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Etiquetas: Literatura

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Alexandre M.

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