"Quadras e Outros Cantares"
de Fernando Pessoa

Edição Literária de Teresa Sobral Cunha

Edição de 1997
Relógio D'Água
434 Páginas

Reúne a produção de Fernando Pessoa que procura «comungar com a alma do povo. É um percurso por vários registos poéticos que a tradição criou para a estrofe breve.

«Para além do manifesto comprazimento estético outras consequências maiores promove, no entanto, o encontro do poeta com a força tradicional portuguesa. Sendo das mais incisivas a sua expressão pessoal do "lirismo puro", que, segundo ele, a qiadra representaria, apesar da sua "insignificante base ideativa oumesmo emocional".
Por outro lado é certo que o lirismo popular, anónimo e de "conteúdo antiquíssimo", cuja espontaneidade emotiva e imagética a expressão oral reproduz, continuamente se acrescente com actos poéticos individuais. Os textos reunidos nesta colectânea igualmente identificam o modo como Fernando Pessoa ele-mesmo - porventura encarnando uma daquelas suas "várias subpersonalidades" ortonímicas que se atribui na célebre carta de Janeiro de 1935 a Casais Monteiro - terá buscado, através da pequena forma e do seu "quase nada de pensamento e de emoção, que lhe impele o voo lírico, comungar a "alma do povo"; ou o modo como o poeta, por virtude da "ternura lusitana" que ele tinha por co-essencial da quadra portuguesa, logrou alcançar essa "alma" e o "o germe de todo o pátrio", de alguma maneira garantindo a continuidade psíquica do seu génio individual no génio colectivo nacional. O seu percurso próprio pelos vários registos poéticos que a tradição desenvolveu com a breve estrofe, do lírico amoroso ao messiânico-profético, do confessional ao satírico, é expressivo do sentido dessa perseverança.
Da Introdução.

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