"Portokyoto" de Pedro Paixão - 2ª Edição de 2001

"Portokyoto" de Pedro Paixão - 2ª Edição de 2001

"Portokyoto"
de Pedro Paixão

2ª Edição de 2001
Edições Cotovia
250 Páginas

Três cidades. Um mesmo deambular do herói sem lugar. Nova Iorque, Porto e Quioto: os pontos fixos pelo qual vaga o protagonista. Autor de «A Noiva Judia» e «Amor Portátil», Pedro Paixão como que propõe três textos a três cidades. Mesmo que o destino do herói seja o desencontro, cruza-se, no entretanto com Michiko, uma misteriosa japonesa.

Comecei a segui-la como quem segue um cicerone numa cidade estrangeira.
E era verdade.
Eu estava numa cidade que me era estrangeira e aquele corpo guiava-me como uma bandeira, levava-me por um território não conquistado.
Ela trazia uma blusa negra e calças encarnadas, o que ajudava a distingui-la, a saber que era ela.
Persegui-a de longe, a uma distância que julguei segura.
Eu estava entretido a olhar para uma montra na Rua da Cedofeita quando, sem saber porquê, me virei e a vi.
Pequenas coisas mudam o mundo.
Vi-a já de costas.
Tinha o cabelo curto, andava de uma maneira peculiar.

Eram duas horas da tarde de uma terça-feira, ela era o íman, eu a limalha de ferro.
Ela seguia por ruas que eu desconhecia, eu aproveitava a boleia.
Depressa reparei que também ela não devia ter que fazer.
Parava para ver uma montra, entrou em duas lojas só por entrar, deu uma volta ao mercado, subiu uma rua que depois desceu.
Eu ia com toda a atenção para não a perder, mantendo a distância que julgava suficiente para que não se sentisse seguida.
Nunca lhe vi a cara.
A certa altura perdia-a e senti o coração bater mais apressado.
De repente, saiu por uma porta mesmo ao meu lado?

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Escritor, professor universitário e fotógrafo português, Pedro Paixão nasceu em 1956, em Lisboa. Filho de um engenheiro agrónomo e de uma farmacêutica, mantém ao longo da sua vida adulta uma atividade multifacetada.
Amante das matemáticas, chegou a matricular-se no Instituto Superior de Economia, onde, em 1974, concluiu o 2.º ano.
Homem sempre insatisfeito e, como ele próprio se caracteriza, "contraditório", abraça várias atividades ao mesmo tempo: professor, sócio de uma agência de publicidade e fotógrafo. A sua ligação à agência de publicidade "A Massa Cinzenta", que fundou com Miguel Esteves Cardoso e da qual é sócio juntamente com Duarte Rocha e José Fialho, explica-a o autor como resultado da influência da tradição comercial familiar.
Em 1992, publica o seu primeiro livro A Noiva Judia que escreve para satisfazer a sua mãe que admirava muito o mundo da escrita.
Editado este primeiro título, muitos outros, quase com uma periodicidade anual, saíram, obtendo, no mercado editorial, uma receção indiscutível no que concerne ao número de vendas. De entre os títulos publicados, Pedro Paixão elegeu Nos Teus Braços Morreríamos, livro que, de acordo com declarações do autor, não faz "concessões", na medida em que, continua, "estive muito mais consciente da linguagem". Composto por 40 histórias, contadas como flash, coloca o leitor perante uma narração em catadupa, como o reflexo de um autor que escreve ao ritmo de uma respiração intensa e desordenada.
Caracterizado por uma escrita mordaz, de frases curtas e incisivas, Pedro Paixão obtém grande acolhimento junto da juventude.

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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