"Mortos Sem Sepultura" de Jean-Paul Sartre - 2ª Edição de 1965

"Mortos Sem Sepultura" de Jean-Paul Sartre - 2ª Edição de 1965

"Mortos Sem Sepultura"
de Jean-Paul Sartre

2ª Edição de 1965
Editorial Presença
Coleção Presença - Teatro
166 Páginas

A obra Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre, publicada em 1946, é uma peça de teatro composta por três atos e narra a história de um grupo de partidários que, durante a segunda guerra mundial, atacou um vilarejo francês, matou muitas pessoas consideradas inocentes e, conseqüentemente, foi preso pela milícia.

Contando com doze personagens, esta obra tem como tema principal as conseqüências da guerra sobre as pessoas. A partir disso, podemos analisar as relações entre estas personagens, suas atitudes, suas influências. A idéia defendida, sobre a qual comentaremos, é que mesmo a vida e a morte dependem do outro e, mais especificamente, do olhar do outrem.

O ambiente é, o tempo todo, envolto em agonia e o cenário, que é descrito como muito sombrio, varia entre um sótão e uma sala de aula. A maior parte da história se passa entre as quatro paredes do sótão que recebe a claridade apenas por uma fresta. O personagem Canoris, o grego , que era um homem de ação e pronto à morrer em nome da liberdade, disse com indiferença que dentro do local onde eles estavam não acontecia nada de importante. Este comentário assinala a inutilidade humana que, nesta obra, é marcada pela guerra e pelas relações com o outrem.

As torturas se passam na sala de aula, é um lugar um pouco mais claro; isso nos dá a idéia de oposição: a claridade do ambiente contra a obscuridade da tortura e do silêncio à um grande preço. Um preço que poderíamos chamar de negro como a escuridão.

Em geral, o existencialismo sartriano é fundamentado na revolta contra a aceitação cega da autoridade, do sistema. Não há ordem no mundo e o homem é um estranho, não tendo nada mais que sua existência. O mundo é um Nada e o homem se encontra nu diante dele. Ele está só face à obscuridade e à irracionalidade, mas encontra sua liberdade e pode designar, dar significações à tudo que é externo a ele, esta liberdade é, entretanto, angustiante porque o homem está condenado a ela.

Normalmente, nas obras de Sartre os conflitos existenciais são marcantes. Mortos Sem Sepulturas tem um ponto em comum com sua outra peça de teatro Huis clos : nas duas, cada um é o torturador dos outros, porque eles se sentem acusados pelo olhar do outrem e estão, além disso, fechados entre quatro paredes sem que pudessem se deixar.

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Jean-Paul Sartre nasceu em Paris a 21 de junho de 1905. Em 1924 ingressou na École Normale Supérieure, onde despertou o seu interesse pela filosofia e conheceu aquela que viria a tornar-se a sua companheira de vida, Simone de Beauvoir. Em 1938 publicou o seu primeiro romance, A Náusea, texto centrado no tema do absurdo da existência que não só alcançou imediato êxito literário como desde logo anunciou Sartre como um dos expoentes do pensamento filosófico francês do século xx. Desdobrando a sua atividade literária pelos mais diversos géneros, destacam-se da sua obra os ensaios O Ser e o Nada e Crítica da Razão Dialética, peças de teatro como As Moscas e As Mãos Sujas ou a autobiografia As Palavras. Em 1964 foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, que recusou como protesto contra os valores da sociedade burguesa. Morreu a 15 de abril de 1980, em Paris.

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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