"Maria de Lourdes Pintasilgo, Retratos sem Moldura"
de Helena Silva Costa

1ª Edição de 2012
Bertrand Editora
108 Páginas
Dimensões: 305 x 282 x 21 mm
Capa dura forrada a linho branco com gravações a seco na pasta frontal e com sobrecapa de proteção
Ilustrado

Qual é o rosto verdadeiro duma vida? Em que momento o devemos fixar? - Discordo de que os últimos retratos sejam os mais evidentes de um percurso biográfico. Não aceito que eles ocupem aquele lugar de mármore em redor do qual se inscrevem as palavras definitivas sobre a pessoa. Por isso prezo todo aquele que sabe aproximar-se com a câmara fotográfica de um rosto em declínio, para lhe captar o dom da vida em movimento. Prezo o fotógrafo que reveste o instante da queda de um corpo com a solenidade de quem tenta resumir uma longa narrativa e não lhe confere uma data, antes lhe atribui uma biografia. Os grandes fotógrafos fazem com que a luz entre nesses locais escondidos, lá onde a resenha da existência que muda está contida, conseguindo oferecer, em vez de um instante fixo, a sugestão dum largo movimento. Talvez seja por isso que estas fotografias feitas sobre o rosto de Maria de Lourdes Pintasilgo não sejam apenas últimas fotografias, mas sinais de uma comunicação profunda entre quem se deixou fotografar e quem fotografou, homenageando-se desse modo a singularidade de uma vida.

Contém ainda um conjunto de textos inéditos, escritos entre 2005 e 2010, em prosa e em verso, de importantes vultos da cultura, da política e do jornalismo nacional e uma entrevista de Isabel Barreno a Maria de Lourdes Pintassilgo. Ficam, como exemplo, os nomes de Guilherme de Oliveira Martins, Mário Soares, Lídia Jorge, Ana Luísa Amaral, Jorge Sampaio e Maria João Seixas, entre outros de igual importância. São 108 páginas de excelente grafismo que, mais do que um panegírico, refletem sentimentos e pensamentos sobre o país, a política e os valores sociais encarnados pela engenheira química, chefe de governo, ativista católica e mulher, que nasceu em Abrantes, às 20 horas do dia 18 de Janeiro de 1930 e que faleceu em Lisboa a 10 de julho de 2004. Este é um daqueles livros que, na perspetiva regional, não teve o reconhecimento que merecia, apesar da edição ter sido patrocinada pelo município abrantino. Talvez porque a sua dimensão não seja local nem regional, mas nacional e internacional. Apelando à sua leitura, especialmente ao depoimento de Eduardo Lourenço, a que chamou "Evocação de uma Amiga"

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