&etc Gregório de Matos // Boca do Inferno 1982

&etc Gregório de Matos // Boca do Inferno 1982

Autor: Gregório de Matos
Obra: Boca do Inferno
Editor: &etc, 1984
Colecção: Contramargem / 15
Págs: 30

Observações: Gregório de Matos [Baía/Brasil, 1632 - Odivelas, 1705]
Poeta, cuja obra é simultaneamente reivindicada como património cultural de Portugal e do Brasil, e considerado, pelo carácter da sua sensibilidade artística, como um escritor genuinamente brasileiro.
Filho de um abastado fidalgo português, senhor de engenho com muitos escravos, cedo se deslocou para Portugal, como era costume no tempo, para prosseguir os seus estudos. Formou-se na Universidade de Coimbra em Direito Civil e Canónico, tendo depois transitado para Lisboa. Aqui foi juiz de crime e órfãos e viveu vinte anos, tendo-se casado e tido um filho. Com quarenta e oito anos de idade, ou pouco mais, regressou à terra natal, onde permaneceu quinze anos.
O seu talento poético, que já se havia afirmado em Portugal, manifestou-se então em toda a sua pujança. Com efeito, 95% da sua poesia, recolhida em códices baianos, foi composta durante este período. O populismo e a mordacidade das suas sátiras, que verberam mazelas morais e abusos políticos, sem poupar a alta categoria social dos prevaricadores, mereceram-lhe o epíteto de «Boca do Inferno e um desterro para Angola.
Em Luanda exerceu o ofício de advogado, até que, em 1695, foi enviado pelo governador para Pernambuco, indo parar, no entanto, ao Recife. Um ano depois morria, com sessenta e três anos de idade.
O poeta, que nasceu em berço dourado, finou-se pobre, tendo escolhido romper os laços familiares para se entregar à aventura, que era a seiva do seu estro. As sugestões e os temas da sua poesia satírica e licenciosa, apesar da sua longa permanência em Portugal, são colhidos essencialmente na realidade brasileira, o que lhe confere o cunho de uma identificação nacional indiscutível.
Mas Gregório de Matos não foi apenas um grande poeta satírico. Personalidade moldada no estilo e no espírito do barroco, ele foi também um brilhante poeta da dicção petrarquista ou petrarquizante, que soube exprimir em novas formas a angústia da morte e do pecado, assim como o anelo religioso de um homem em que o sagrado e o profano se misturam sem conflito.
A lição de Gôngora, Quevedo e Camões é subtilmente aproveitada no desenvolvimento da própria escrita, que não se confina, no caso de Camões, à poesia lírica, porque se serve do discurso épico d' Os Lusíadas na composição do poema burlesco, onde celebra os feitos de um juiz de Igaraçu (Obras Completas, vol. II, pp. 400-410).
Gregório de Matos nunca editou os seus versos, que saíram em folhas volantes. Estas começaram a ser coligidas a partir do século XIX. Em 1968 veio a lume uma edição das Obras Completas, baseada em códices manuscritos dos séculos XVII e XVIII (Baía, 7 vols.), publicadas pela Editora Janaína, Lda., que reuniu, em apêndice (vol. VII), documentação e estudos monográficos sobre o poeta, que são do maior interesse. - in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. I, Lisboa, 1989


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Etiquetas: Literatura

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