"Esta Voz é Quase o Vento" de José Agostinho Baptista - 1ª Edição de 2004

"Esta Voz é Quase o Vento" de José Agostinho Baptista - 1ª Edição de 2004

"Esta Voz é Quase o Vento"
de José Agostinho Baptista

1ª Edição de 2004
Assírio & Alvim
Coleção Poesia Inédita Portuguesa
142 Páginas

COMOVEM-ME
Comovem-me ainda os dias que se levantam
no deserto das nossas vidas.

Dos belos palácios da saudade
não resta a impressão dos dedos nas colunas
fendidas, e nada cresce nos pátios.

Muito além, depois das casas, o último
marinheiro continua sentado.
Os seus cabelos são brancos, pouco a pouco.

Aqui, tudo se resume a algumas tâmaras que
secaram ao sol,
longe do orvalho,
das fontes que pareciam nascer de um olhar
turvo sobre a sede da terra.

Comovem-me ainda as palavras que dizias
aos meus ouvidos aprisionados pela música.
Comovem-me as cadeiras vazias, no pátio.

Lembro-me sempre de ti.


COMOVEM-ME
Comovem-me ainda os dias que se levantam
no deserto das nossas vidas.

Dos belos palácios da saudade
não resta a impressão dos dedos nas colunas
fendidas, e nada cresce nos pátios.

Muito além, depois das casas, o último
marinheiro continua sentado.
Os seus cabelos são brancos, pouco a pouco.

Aqui, tudo se resume a algumas tâmaras que
secaram ao sol,
longe do orvalho,
das fontes que pareciam nascer de um olhar
turvo sobre a sede da terra.

Comovem-me ainda as palavras que dizias
aos meus ouvidos aprisionados pela música.
Comovem-me as cadeiras vazias, no pátio.

Lembro-me sempre de ti.

Em 2000, com a publicação de «Biografia», José Agostinho Baptista encerrava um longo ciclo de escrita, reunida nesse volume. Agora, «Esta Voz é Quase o Vento» vem dar continuidade à nova fase de produção poética iniciada com «Anjos Caídos» (2003).

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José Agostinho Baptista (Funchal, Madeira, 15 de agosto de 1948) é um poeta português contemporâneo. Foi assíduo colaborador da imprensa escrita, particularmente no Comércio do Funchal e mais tarde em A República e no Diário de Lisboa, cujo suplemento «O Juvenil» o deu a conhecer como poeta. Desde então e ao longo dos livros entretanto publicados, a sua poesia tem sido reconhecida como uma das mais originais e importantes da atualidade em língua portuguesa, como bem assinalaram os estudos que lhe foram dedicados em Portugal, Espanha, França e Itália. Simultaneamente, José Agostinho Baptista tem vindo a traduzir para português autores como Walt Whitman, W.B. Yeats, Tennessee Williams, Paul Bowles, Rabindranath Tagore, Sergio Pitol, David Malouf, Malcolm Lowry e Enrique Vila-Matas, entre outros. Foi condecorado pelo Presidente da República com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, a 1 de julho de 2001, e pelo Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, com a Medalha de Distinção, a 1 de julho de 2015.
Grande parte da sua obra foi publicada na Assírio & Alvim: Deste lado Onde (1976), O Último Romântico (1981), Morrer no Sul (1983), Auto-retrato (1986), O Centro do Universo (1989), Paixão e Cinzas (1992), Canções da Terra Distante (1994), Agora e na Hora da Nossa Morte (1998), Biografia (2000), Afectos (2002), Anjos Caídos (2003), Esta Voz é Quase o Vento (2004), Quatro Luas (2006), Além-Mar, áudio-livro (2007), Filho Pródigo (2008), O Pai, a Mãe e o Silêncio dos Irmãos (2009), Caminharei pelo Vale da Sombra (2011).

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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