"Contos da Sétima Esfera" de Mário de Carvalho - 2ª Edição de 1990

"Contos da Sétima Esfera" de Mário de Carvalho - 2ª Edição de 1990

"Contos da Sétima Esfera"
de Mário de Carvalho

2ª Edição de 1990
Editorial Caminho
Coleção O Campo da Palavra
206 Páginas

No final do Batuque, o jovem cuanhama, muito bebido de cerveja de palma, vergou o arco e disparou uma flecha para as alturas. Era o comportamneto reprovável, pois os anciãos sempre desaconselharam agredir os céus, desculpável, no entanto, pela alacridade ambiente e eflúvios do licor fermentado. Então foi pela primeira vez perfurado o ponto, até aí intocado de voo de pássaro ou mão de homem, em que nascem as transmutações.
E, de súbito, todos os homens, de todas as partidas do mundo, ficaram sem as suas sombras. Não que as sombras desaparecessem, mas tomaram posse de si,, movendo-se em liberdade, como se cada sombra fosse a sombra de um outro ausente. Vencido o pânico inicial, os homens acostumaram-se, embora com um toque de estranheza, aos caprichos e autonomia das sombras.

Deuses e homens, anjos e demónios, o princípio e o fim de tudo, eis a sétima esfera em torno da qual Mário de Carvalho orbita e desorbita, entre o fantástico e o maravilhoso. Publicados originalmente em 1981 e reeditados sucessivamente ao longo dos últimos quase quarenta anos, estes Contos da Sétima Esfera, primeiro livro do autor, vieram quebrar o cânone literário da época, revelando um universo ficcional único que a cada linha sugere que na literatura há espaço para o insólito.

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Mário de Carvalho nasceu em Lisboa em 1944. Licenciou-se em Direito e viu o serviço militar interrompido pela prisão. Desde muito cedo ligado aos meios da resistência contra o salazarismo, foi condenado a dois anos de cadeia, tendo de se exilar após cumprir a maior parte da pena. Depois da Revolução dos Cravos, em que se envolveu intensamente, exerceu advocacia em Lisboa. O seu primeiro livro, Contos da Sétima Esfera, causou surpresa pelo inesperado da abordagem ficcional e pela peculiar atmosfera, entre o maravilhoso e o fantástico.

Desde então, tem praticado diversos géneros literários Romance, Novela, Conto, Ensaio, Crónica e Teatro , percorrendo várias épocas e ambientes, sempre em edições sucessivas. Utiliza uma multiforme mudança de registos, que tanto pode moldar uma narrativa histórica como um romance de atualidade; um tema dolente e sombrio como uma sátira viva e certeira; uma escrita cadenciada e medida como a pulsão de uma prosa endiabrada e surpreendente.

Nas diversas modalidades de Romance, Conto, Crónica e Teatro, foram atribuídos a Mário de Carvalho os prémios literários mais prestigiados (designadamente os Grandes Prémios de Romance e Novela, Conto e Teatro da APE, o prémio do Pen Clube Português e o prémio internacional Pégaso de Literatura). Em 2020, foi distinguido com o Grande Prémio da Crónica e Dispersos Literários, da APE, pela obra O que Eu Ouvi na Barrica das Maçãs, e, em 2022, o seu De maneira que é claro... foi galardoado com o Grande Prémio de Literatura Biográfica Miguel Torga, da APE. Os seus livros encontram-se traduzidos em várias línguas.

Obras como Os Alferes, A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde, O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel, A Liberdade de Pátio ou Epítome de Pecados e Tentações são a comprovação dessa extrema versatilidade.

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Etiquetas: Literatura

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Raul Ribeiro

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