"Amaranto" - Poesia 1951 a 1983 de Glória de Sant' Anna - 1ª Edição de 1988
"Amaranto" - Poesia 1951 a 1983 de Glória de Sant' Anna - 1ª Edição de 1988
Preço: 30 €
"Amaranto" - Poesia 1951 a 1983 de Glória de Sant' Anna - 1ª Edição de 1988
"Amaranto"
Poesia 1951 a 1983
de Glória de Sant' Anna
Ilustrado com retrato da Autora da autoria de Rui Paes
1ª Edição de 1988
INCM Imprensa Nacional Casa da Moeda
Coleção: Biblioteca de Autores Portugueses
304 Páginas
RECADO
Se eu morrer longe
sepulta-me no mar
dentro das algas ignorantes
e lúcidas.
Cobre o meu rosto de palavras
antigas
e de música.
Deixa em meus dedos
a memória mais recente
de outras coisas inúmeras
e nos meus cabelos
o incerto movimento
do vento e da chuva.
Eu vogarei sob as estrelas
com pálidas luzes entre os cílios
e pequenos caramujos
entrarão nos meus ouvidos.
Estarei assim idêntica
a todos os motivos.
Glória de Sant'Anna, in 'Música Ausente'
.
Com um ensaio de Eugénio Lisboa
Eu naveguei pelo interior de um longo rio humano de tempos diversos onde também há sangue vegetal, buscando o que acabei por encontrar - a imensa angústia que se reparte. Sobre isso escrevo. Mas cuidado: a música da palavra é um casulo de seda. Só dobando-o com olhos atentos se chega à verdade - a solidão ansiosa e disponível. No entanto, que cada um faça a sua leitura
---
Glória de Sant'Anna, (Lisboa, 26 de maio de 1925 Válega, 2 de junho de 2009) foi uma poeta portuguesa. Casou-se em 1949 com o arquitecto Afonso Henriques Manta Andrade Paes (1924 a 1987) e viveu em Moçambique de 1951 a 1974, em Porto Amélia (atualmente Pemba) e Vila Pery (hoje Chimoio).
Glória de Sant Anna morreu a 2 de Junho de 2009. Pessoa extraordinariamente privada era, porém, perfeitamente acessível. Sem grande disposição para histórias indiscretas, era também generosa no tempo que se permitia partilhar com os outros. Ferida por circunstâncias que prolongavam destramente a acção do veneno que o regime político tão bem sabia administrar através de complacentes lacaios, no fim dos anos sessenta GdeS vê os 6 filhos partir (e foi assim quase de súbito embora / houvesse a predição destas coisas / quase de súbito porque a esperança é o adubo / único em que naufragámos).
Em desespero, o Poeta anula-se, fecha-se na sua dor e num recurso redentivo entrega a voz ao seu alter-ego. Azur. Ela canta um lamento que não é outro senão o lamento do Poeta, a voz transposta de uma existência adiada. É Azur quem sustém o Poeta na mágoa que completa o clima de lento terror [ ]
RUI PAES Londres, 2009
ESGOTADO NAS LIVRARIAS
COMO NOVO - PORTES GRÁTIS
Poesia 1951 a 1983
de Glória de Sant' Anna
Ilustrado com retrato da Autora da autoria de Rui Paes
1ª Edição de 1988
INCM Imprensa Nacional Casa da Moeda
Coleção: Biblioteca de Autores Portugueses
304 Páginas
RECADO
Se eu morrer longe
sepulta-me no mar
dentro das algas ignorantes
e lúcidas.
Cobre o meu rosto de palavras
antigas
e de música.
Deixa em meus dedos
a memória mais recente
de outras coisas inúmeras
e nos meus cabelos
o incerto movimento
do vento e da chuva.
Eu vogarei sob as estrelas
com pálidas luzes entre os cílios
e pequenos caramujos
entrarão nos meus ouvidos.
Estarei assim idêntica
a todos os motivos.
Glória de Sant'Anna, in 'Música Ausente'
.
Com um ensaio de Eugénio Lisboa
Eu naveguei pelo interior de um longo rio humano de tempos diversos onde também há sangue vegetal, buscando o que acabei por encontrar - a imensa angústia que se reparte. Sobre isso escrevo. Mas cuidado: a música da palavra é um casulo de seda. Só dobando-o com olhos atentos se chega à verdade - a solidão ansiosa e disponível. No entanto, que cada um faça a sua leitura
---
Glória de Sant'Anna, (Lisboa, 26 de maio de 1925 Válega, 2 de junho de 2009) foi uma poeta portuguesa. Casou-se em 1949 com o arquitecto Afonso Henriques Manta Andrade Paes (1924 a 1987) e viveu em Moçambique de 1951 a 1974, em Porto Amélia (atualmente Pemba) e Vila Pery (hoje Chimoio).
Glória de Sant Anna morreu a 2 de Junho de 2009. Pessoa extraordinariamente privada era, porém, perfeitamente acessível. Sem grande disposição para histórias indiscretas, era também generosa no tempo que se permitia partilhar com os outros. Ferida por circunstâncias que prolongavam destramente a acção do veneno que o regime político tão bem sabia administrar através de complacentes lacaios, no fim dos anos sessenta GdeS vê os 6 filhos partir (e foi assim quase de súbito embora / houvesse a predição destas coisas / quase de súbito porque a esperança é o adubo / único em que naufragámos).
Em desespero, o Poeta anula-se, fecha-se na sua dor e num recurso redentivo entrega a voz ao seu alter-ego. Azur. Ela canta um lamento que não é outro senão o lamento do Poeta, a voz transposta de uma existência adiada. É Azur quem sustém o Poeta na mágoa que completa o clima de lento terror [ ]
RUI PAES Londres, 2009
ESGOTADO NAS LIVRARIAS
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- TipoVenda
- ConcelhoCascais
- FreguesiaCarcavelos e Parede
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Etiquetas: Literatura
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