Manhã Submersa, Vergílio Ferreira
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Manhã Submersa, Vergílio Ferreira
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Uma sólida e extensa cultura humanística coloca Vergílio Ferreira muito cedo ao abrigo de soluções verbais simplistas ou simplistamente vividas. Contudo, a mais decisiva das suas defesas foi, porventura, a experiência contada em Manhã Submersa.
É uma das mais comuns aventuras essa do adolescente português a braços com um tipo de educação muito particular. Tal como é contada em Manhã Submersa, essa aventura é uma verdadeira experiência da «morte de Deus, pelo menos sob a forma histórica que a vivência religiosa assume na sociedade portuguesa. Tal decepção foi vivida na sua dupla forma contemplação do vazio por ela criado em sua alma adolescente e desejo de preencher de novo o lugar do deus morto. Aparentemente, e isso aconteceu a muitos, Vergílio Ferreira ficou à mercê da primeira idolatria. Ela surgiu, no plano intelectual, sob a forma de uma ideologia capaz de beber como uma esponja a antiga dor do homem e o mistério da vida. É de louvar que Vergílio Ferreira, como muitos outros jovens coerentes e honestos, a tenham preferido ao estéril ruminar de um cepticismo sem grandeza e sem risco ou a um indiferentismo que perpetua na impotência um mal com a nossa própria figura. Mas aqueles a quem Deus morreu não podem aceitar, com a facilidade dos outros, deuses subalternos, mil vezes mais dispensáveis. Por isso a atitude ideológica de Vergílio Ferreira teve sempre um carácter polémico, inquieto, onde não era difícil discernir a sombra dos amores mortos e a luz oscilante das novas adorações. O seu itinerário de novelista, a sua experiência literária e acima de tudo a permanente inquirição do fenómeno estético obrigaram-no aos poucos a reencontrar as palavras e as intuições outrora consagradas à descrição da «manhã submersa, o mundo da graça subitamente deserto da sua adolescência. Poucas experiências foram mais libertadoras para toda uma geração do que aquelas que se referem ao mundo da Arte, por Vergílio Ferreira aludido como «mundo original. Eduardo Lourenço (Suplemento literário de O comércio do Porto, 26-7-60: «Vergílio Ferreira e a geração da utopia).
Detalhes do livro Manhã Submersa, Vergílio Ferreira:
Editora: Europa-América, 1971; Colecção: lb Europa-América; med.: 11,4 x 18 cm; 174 pg.
Estado: Velhito
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Uma sólida e extensa cultura humanística coloca Vergílio Ferreira muito cedo ao abrigo de soluções verbais simplistas ou simplistamente vividas. Contudo, a mais decisiva das suas defesas foi, porventura, a experiência contada em Manhã Submersa.
É uma das mais comuns aventuras essa do adolescente português a braços com um tipo de educação muito particular. Tal como é contada em Manhã Submersa, essa aventura é uma verdadeira experiência da «morte de Deus, pelo menos sob a forma histórica que a vivência religiosa assume na sociedade portuguesa. Tal decepção foi vivida na sua dupla forma contemplação do vazio por ela criado em sua alma adolescente e desejo de preencher de novo o lugar do deus morto. Aparentemente, e isso aconteceu a muitos, Vergílio Ferreira ficou à mercê da primeira idolatria. Ela surgiu, no plano intelectual, sob a forma de uma ideologia capaz de beber como uma esponja a antiga dor do homem e o mistério da vida. É de louvar que Vergílio Ferreira, como muitos outros jovens coerentes e honestos, a tenham preferido ao estéril ruminar de um cepticismo sem grandeza e sem risco ou a um indiferentismo que perpetua na impotência um mal com a nossa própria figura. Mas aqueles a quem Deus morreu não podem aceitar, com a facilidade dos outros, deuses subalternos, mil vezes mais dispensáveis. Por isso a atitude ideológica de Vergílio Ferreira teve sempre um carácter polémico, inquieto, onde não era difícil discernir a sombra dos amores mortos e a luz oscilante das novas adorações. O seu itinerário de novelista, a sua experiência literária e acima de tudo a permanente inquirição do fenómeno estético obrigaram-no aos poucos a reencontrar as palavras e as intuições outrora consagradas à descrição da «manhã submersa, o mundo da graça subitamente deserto da sua adolescência. Poucas experiências foram mais libertadoras para toda uma geração do que aquelas que se referem ao mundo da Arte, por Vergílio Ferreira aludido como «mundo original. Eduardo Lourenço (Suplemento literário de O comércio do Porto, 26-7-60: «Vergílio Ferreira e a geração da utopia).
Detalhes do livro Manhã Submersa, Vergílio Ferreira:
Editora: Europa-América, 1971; Colecção: lb Europa-América; med.: 11,4 x 18 cm; 174 pg.
Estado: Velhito
- TipoVenda
- ConcelhoSanta Maria da Feira
- FreguesiaMozelos
- Id do anúncio35475047
Etiquetas: Literatura
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