Albano Afonso, Colección XS

Albano Afonso, Colección XS

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Há mais do que um aspecto que nos leva a pensar que a força condutora da poética do artista brasileiro Albano Afonso seja a já clássica ruptura do sujeito contemporâneo. Ao situar-se no lugar da ausência, o artista é incapaz de surgir como identidade indivisível; isto é, plena e, podemos dizê-lo, inteiramente auto-fundada no seu completo ensimesmamento, sem falhas ou pregas em si ou por si mesmo. Pelo contrário, aqui nada é mais evidente do que, por exemplo, o recurso alegórico no uso das perfurações da imagem, um sintoma mecânico e recorrente de violência e de um problema, de uma perfuração que é mais do que física (com uma tendência para o psíquico, mais concretamente). A perfuração como instrumento cénico que simboliza a aquisição traumática da própria visibilidade e identidade do que está a ser representado, ao tempo que sinal da sua própria situação de crise: a sua busca por uma exterioridade aniquiladora, perturbante e até mesmo desoladora, como se se tratasse de uma cerimónia de escarificação semelhante, por exemplo, à que é levada a cabo nos famosos e dolorosos rituais de iniciação que tanto seduzem os antropólogos - os actos de perfuração como a tatuagem e a flagelação: é como trazer à superfície da pele as camadas mais escondidas da imagem. Assim, a perfuração existe como marcador enfático da complexa sobreposição de estratos de leituras no seio da representação, como a mostra obscena das sucessivas camadas de significados que criarão problemática e agonalmente a economia libidinosa que subjaz à emergência de cada leitura da imagem; o buraco invasor mesmo como indicador da própria proibição, ou da descentralização, ou de uma perturbação agressiva e fundadora da contemplação do quadro, se não mesmo da sua pópria realização e constituição. Alberto Ruiz de Samaniego

Detalhes do livro Albano Afonso, Colección XS
Editora: Dardo, 2006; Textos de Alberto Ruiz de Samaniego, Paulo Reis e Nuno Crespo; med.: 15 x 21 cm; 174 pg. (profusamente ilustrado)
Estado: Impecável
Etiquetas: Literatura

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